A violência contra a mulher é uma manifestação das relações de poder historicamente desiguais, que causaram e causam a dominação e discriminação da mulher pelo homem. Isso faz parte de uma cultura machista, onde o papel da mulher é servir o marido e educar os filhos. Por mais complexo ou por essa mesma razão, o lugar menos seguro para a mulher é sua própria casa. Acobertados pela cumplicidade e impunidade, os agressores do lar, sentem-se seguros e incentivados a cometerem incessantemente tais atos, certos de que não sofrerão nenhuma represália.
Com a Lei Maria da Penha, ocorreu algum avanço, mas lembremos que a busca por ajuda segue um caminho de alta complexidade, a mulher agredida, precisa enfrentar o medo de uma nova agressão, de não ter como sobreviver e cuidar dos seus por conta própria, a vergonha de se expor e ser questionada e por muitas vezes ser julgada como responsável pelo ato. Enfrentamos a falta de informação, de conhecimento específico da Lei, de como recorrer e o mais grave, o completo despreparo no atendimento e direcionamento dos casos.
A luta feminista, o surgimento das delegacias de defesa da mulher, os debates promovidos constantemente sobre a questão, sem dúvida contribuíram para que muitas mulheres vencessem a barreira do medo e da vergonha e viessem denunciar os maus-tratos sofridos. A violência doméstica revelou-se um problema de proporções enormes, sociais e de saúde pública, que merece - e eis mais uma razão para trabalharmos na conscientização das mulheres, maior atenção das autoridades.
Não podemos esquecer o impacto negativo sobre as crianças, que vivenciando agressões permanentes, se tornam estudantes dispersos, introspectivos e posteriormente adultos inseguros e com pouca ou nenhuma capacidade dentro de espaços de disputa, como na sociedade em geral. Ao contrário do que possa imaginar, a violência está impregnada em todas as classes, está em todos os espaços, o que nos leva a entender que a luta é tripartite, de gênero, raça e classe. Trata-se de valores culturais atrasados e que atrasam o desenvolvimento da sociedade no seu aspecto sócio-cultural e econômico.
Por Juliana Rosa
União Brasileira de Mulheres
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
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